domingo, 15 de janeiro de 2012

O exercício da cidadania

“Devemos ter coragem de mudar as coisas que podem mudar; serenidade para aceitar as que não podemos mudar e sabedoria para distinguir as duas situações”(Rudyard Kipling)
O governo (deliberadamente escrito em minúsculas) Collor foi o responsável pelo mais formidável desmonte administrativo de toda a história universal recente.
Pior, fez por terra valores morais arduamente estabelecidos. Fê-lo, ao permitir a impunidade, ao desonrar os servidores públicos, ao achincalhar a sociedade.
A entrevista Sr. Reginaldo J. C. Lemos, Assessor do Gerente do Escritório Regional ANATEL em SP mostra claramente a situação de penúria pela qual passou o defunto Dentel.
Os mais antigos, sobretudo os foneiros, ao encerrarem suas atividades despendiam-se com a frase: “… cumprimentando a digníssima escuta oficial e desejando uma boa noite a todos despeço-me com um SALVE A LABRE”. Isso virou coisa do passado, motivo de galhofa, a escuta oficial não existe mais.
A fiscalização não existe mais, o respeito a ordem estabelecida não existe mais. Foi substituído pela arrogância dos clandestinos em 7, 24 e 28 MHz, pela impunidade, pelo desaparecimento das atividades intrínsecas ao governo.
Disse ainda o Sr. Lemos - “É importante frisar que a parte de clandestinidade está muito mais afeta a Polícia Federal do que ao MINICON ou a própria ANATEL. Atuamos na fiscalização, mas a o inquérito policial e apreensão de equipamento é de incumbência da Polícia Federal.” (sic). Entendemos que o trabalho deve ser feito em conjunto com a autoridade policial, para que possa embasar o posterior e necessário processo judicial. Ocorre que a Polícia Federal não pode, por força de seu regimento, passar a fazer a escuta oficial, isto cabe a Anatel. Esta não faz por falta de recursos, aquela não apreende por que não fiscaliza e assim vai…
O que distingue um país de primeiro mundo de um subdesenvolvido é a absoluta ausência de cidadania deste último. Nestes, apontar alguém que praticou um ato falho às autoridades constitui-se em falta grave. Às mais das vezes considerado até um ato de covardia. Dedão! Dedo duro! Calabar! Bradam as vivandeiras de plantão.
O paradigma de cidadão no Japão é um kamikasi que não hesita em derramar o próprio sangue em benefício da pátria, ao passo que no Brasil o exemplo de cidadão é o Gérson (cérrrto?).
Antes de culparmos os governos, os políticos, o judiciário culpemo-nos todos. Por acaso você, leitor, já escreveu uma cartinha para o seu vereador, deputado ou senador, reclamando das suas atuações? Lembrando-os de que na próxima eleição não contarão mais com seu voto? Por acaso você já tentou fazer algo para melhorar, reclamando, cobrando, explicando a eles que é você quem paga os seus salários?
Ora, se as autoridades não são cobradas, elas tem todo o direito de imaginar que são competentes, que os problemas não existem. Não há qualquer motivo para aprimorar suas ações. Ao que consta está tudo bem, raciocinam elas.
Quer sentir-se cidadão? Exerça a cidadania, cobre das autoridades a tarefa que lhes compete, escreva, telefone, faça algo. Citando um político, que por graça divina esqueci o nome, disse-me certa feita: “em política vale tudo, só não pode perder a eleição, se for preciso eu até trabalho”. Estas palavras, transbordante do mais deslavado cinismo, nos ensina que vale a pena reclamar
Se não resolver pelo menos você sentir-se-á melhor. Tornemo-nos todos cidadãos. Vale a pena.
Arrectis Auribus
de PY2YP – Cesar

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