sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Expedição Remota I

Uma assustadora e silenciosa mancha cinza sobrevoou os céus de Hanyopyong a 8.000 pés, num voo calmo, sem ruído, apenas varrido pelo vento que soprava NW. Alguns minutos depois a enorme mancha começou a descer na vertical e pousou suavemente nas coordenadas programadas: 42º31’48”N 130º30’36”E e 2.880 pés de altitude entregando sua gigantesca encomenda. A grossa camada de neve amorteceu o baque final e imediatamente os sofisticados mecanismos do container entraram em ação. O cinza do gigantesco paraquedas confundia-se com a neve e não podia ser visto dos postos de observação da fronteira russa onde os vigias à essa hora da madrugada mal conseguiam ficar acordados. O café ralo com gosto de palha de milho era considerado um luxo servido apenas ao pessoal do plantão noturno ou a quem se dispusesse corromper o oficial encarregado da intendência.
As câmeras dotadas de visão noturna se abriram, esquadrilharam todos os 360 graus do horizonte, certificando os operadores baseados em Vladivostok que poderiam continuar com os comandos. Do fundo do container abriram-se duas tiras com 10 polegadas de largura e quase todo o comprimento do container; em seguida foi acionado um comando aos braços hidráulicos e um par de esteiras localizados no fundo do container abaixou-se forçando-o para cima, apenas algumas polegadas, para em seguida acionar o motor elétrico. O container sacudiu ligeiramente e todo o conjunto dirigiu-se a um ponto um pouco mais a leste e mais acima. No ponto desejado as esteiras foram recolhidas permitindo que o container estacionasse definitivamente. Uma vez estacionado as diagonais do lado menor do container se alongaram e cravaram fundo na neve até encontrar um solo resistente e passaram a funcionar como patolas dando estabilidade ao container, agora devidamente estacionado e pronto para suportar as tensões a que seria submetido. Uma escotilha localizada no topo do container com 6 polegadas de diâmetro foi aberta permitindo a passagem do tubo feito de liga aço-titânio revestido de uma fina camada de cobre como se fosse um gigantesco periscópio. O tubo telescópico foi reduzindo a seção até ficar com apenas meia polegada na extremidade final. O comprimento total atingia inacreditáveis 66 pés de extensão total. Ao meio da primeira seção do tubo, estavam encravados em baixo relevo 16 tubos de 9 pés de comprimento, afixados através de dobradiças servo comandadas. Assim que o tubo grande atingiu sua posição final os 16 tubos telescópicos foram levantados formando um ângulo de 90 graus em relação ao tubo mestre e suas seções foram alongados até atingirem 57 pés, formando um plano terra elevado. A antena dinâmica estava pronta para ser sintonizada na banda desejada, irradiar CQ e começar a operar efetivamente.
A aeronave que carregara o container havia decolado horas antes da base aérea de Vladivostok e era o ponto alto de um projeto começado anos antes levado a cabo por radioamadores russos, finlandeses, alemães e americanos, tudo com ajuda financeira das maiores associações de DX. Por outro lado, corria um boato que a CIA havia bancado grande parte do custo para absorção tecnológica para fins menos corriqueiros. O container carregava o que havia de mais moderno em mecânica fina, eletrônica e antenas dinâmicas, tudo servo-controlado. Um sistema composto de micro antenas e roteadores conseguia acesso a um satélite que disponibilizava uma banda passante de 5 Gb/s, suficiente para o tráfego dos comandos, imagens e tudo o mais que fosse preciso.
O container não obedecia exatamente aos padrões normais de forma e dimensões, tinha superfícies ligeiramente onduladas, revestimento não reflexivo aos radares e pintura foto variável: durante a noite era cinza escuro e durante o dia cinza muito claro de forma que, visualmente, pudesse sempre estar mesclado à paisagem nevada.
O local fora cuidadosamente escolhido, próximo o suficiente da fronteira russa de forma que as forças de fronteira, que raramente olham para dentro do país, não pudessem notar o monstrengo a algumas milhas das suas costas e longe o bastante das atenções das autoridades de Pyongyang. O ponto exato deveria ser um local com 360 graus livres e inteiramente desprovido de obstáculos; alto o suficiente para ter neve durante o período de operação além de oferecer o máximo de dificuldades para que uma patrulha pudesse investigar o sítio.
Com tudo acertado finalmente a tão esperada hora de começar a operação havia chegado. Os egressos e os ascendentes ao redor do mundo estavam excitadíssimos, alguns deles haviam feitos polpudas doações na vã ilusão de que mesmo não conseguindo um QSO legítimo pudessem constar do log.
Continua...
73 DX de PY2YP - Cesar

sábado, 14 de outubro de 2017

Ars per ars

Aprendemos nas aulas de ciências do curso primário que existem três estados da matéria: sólido, líquido e gasoso, assim considerados porque nos transmitem sensações ao toque, ao contato ou ao cheiro. Há, porém, algo que nos transmite sensações e mesmo emoções sem estar contido nos três estados ditos, o quarto estado: o estado da arte.
De fato, no estrito sentido de transmissões sensoriais, o estado da arte é tão poderoso quanto qualquer outro estado da matéria. E, como arte, pode ser entendida qualquer manifestação que nos faça sentir emoções, ficarmos felizes ou indignados. A manifestação artística dos peladões ajoelhados em roda enfiando seus dedos nas pubendas dos que estão às suas frentes; ou o peladão que se deixa tocar pelos infantes, é arte pura, no estrito sentido que nos tiram do sério, nos deixam indignados, furibundos, inflamados e prontos para aplicar uns bons cascudos nessa gente que pratica arte rasteira, baixa e imunda. Ainda assim, no sentido teórico continua sendo arte eis que o objetivo de transmitir emoções foi alcançado. Lembremo-nos que um número qualquer tem duas raízes, uma positiva e outra negativa, esta última, igualmente importante. Afinal, a impedância, nossa velha conhecida, leva em conta os valores das raízes negativas no seu cálculo ao contrário da resistência que só leva em conta os números do campo real.
Na Grécia antiga a arte era levada a sério no seu ultésimo grau, o pessoal se reunia nos anfiteatros para ouvir versos, ouvir música ou assistir a peças teatrais. A poesia não era como esta de hoje em dia cujo único objetivo é engrandecer o traseiro feminino. Os gregos batiam os pés alternadamente, uma batida curta e outra longa, eram os chamados pés-de-verso ou iambos em grego. Sim, o precursor dos manipuladores iâmbicos. Cada linha do verso tinha que, além de fazer a rima, obedecer a uma rigorosa métrica; por exemplo: um verso sáfico deveria ter 10 sílabas em cada linha e, além disso, ter sílabas tônicas nas quartas, oitavas e décimas posições, tudo acompanhado das batidas dos pés dos espectadores. Não bastasse isso, o verso tinha que contar alguma proeza ou uma cantada nalguma grega bonita. Os gregos ainda eram bons em escultura, arquitetura e diversas outras manifestações artísticas. Decididamente eles eram o estado da arte.
As manifestações artísticas podem ainda aparecer em qualquer atividade humana, basta que a façamos bem feito, bem feito a ponto de que seu resultado nos desperte emoções. Experimente fazer arte com o CW. Sim, ao tempo que comecei no rádio, os telegrafistas tinham sua própria letra, sua própria maneira de transmitir e eram conhecidos ou reconhecidos nas bandas apenas pelas suas peculiaridades de manipulação, quem já transmitiu com um daqueles batedores sabe do que estou falando. Essa arte continua viva durante o Straight Key Night quando todo mundo sai de batedor, nada de eletrônicos ou computadores para transmitir. É a arte pela arte, ars per ars. Nesta linha, até mesmo a participação em pile-up nos permite dizer que pode haver arte no seu mais estrito senso. Quando participamos do pile-up corretamente podemos atingir o ponto mais alto das emoções auditivas: o eargasm. Este acontece quando ouvimos o nosso indicativo seguido de 599 TU. Creio que todos nós já alcançamos esse clímax mais de uma vez.
Na contramão disso tudo existem aqueles que por incúria, incompetência ou mera imbecilidade, conseguem por meios escusos e trapaceiros terem seus indicativos nos logs. Por serem incapazes de atingir emoções por meios próprios, imploram a amigos que trabalhem os DX para eles, criando sua própria arte, a arte que lhes trazem como emoções os mais baixos sentimentos contidos nos porões da alma: inveja, rancor, ira, ódio e frustração. Comportam-se como o peladão que não conseguindo ser eros tornou-se tânatos.
73 DX de PY2YP - Cesar

domingo, 9 de julho de 2017

Arengas e lenga-lengas

Muito antes de nós,
Muito antes dos nossos avós
Já lecionava aos faraós,
Prosperina de Queiroz.

Era assim, em 1960, que encarávamos a fera. Dona Prosperina, vetusta e empertigada senhora, creio que andava lá pelos seus 70 e poucos anos - naquela época as pessoas podiam trabalhar até quando quisessem ou tivessem disposição - lecionava desenho para a turma do segundo ano ginasial. A velha senhora, antes do início da aula, percorria todas as fileiras examinando as mãos dos alunos, todos nós ficávamos com as palmas de ambas as mãos estendidas e ao menor indício de sujeira éramos colocados para fora da classe, severamente admoestados e penalizados em 0,5 ponto na próxima prova. Não pode sujar o papel, dizia ela, o aluno tem que estar limpo para desenhar e para qualquer outra coisa que faça. Limpeza nas mãos e no caráter, falava enquanto brandia uma régua de madeira, pesada, com um dos lados com uma camada metálica para dar mais rigidez; nunca se soube de um único aluno que a desafiasse. A empertigada velhota poderia facilmente desancar o ousado. Eram outros tempos, tempos em que as pessoas tinham vergonha, caráter, honra e orgulho do que faziam. Se alguém ousasse mentir para dona Prosperina estaria condenado a passar mais um ano com ela, o infeliz seria reprovado e na segunda reprovação o fantasma da jubilação se tornaria realidade. Ser jubilado era o mesmo que ser expulso do ginásio para nunca mais voltar. Ah, sim a escola era pública, chamada de ginásio do estado, ou simplesmente estadão, assim mesmo, como o jornal. Quem conseguisse completar o ginásio e o curso científico no estadão, sem uma única reprovação, podia se considerar um vencedor.
Os tempos mudaram, ficaram modernos, o ensino público foi alvo de sucessivos e bem sucedidos ataques por parte das autoridades, as novas teorias pedagógicas, os discípulos do grande enganador francês, monsieur Piaget, atingiram o alvo com assustadora precisão: desmontaram e alquebraram algumas gerações que vagam pela sociedade sem norte, sem parâmetros e sem vergonha. O ensino atual já não molda caráter, não norteia comportamentos e, pior, não pune os desalinhados. E isso vale para todas as atividades: comerciais, empresariais, políticas, cotidianas e, como não podia deixar de ser, para o nosso inofensivo DX.
Os operadores sem formação moral e escolar suficientes, sem norte comportamental, os desnorteados saem por aí fabricando QSLs, forjando QSOs impossíveis e por não terem formação educacional básica, confundem horários, latitudes e longitudes além de cometerem toda sorte de trapalhadas nas suas falcatruas. A pândega desfaçatez poderia ser rotulada de cômica, não fosse tão sem-graça. Os esquerdopatas dizem que esse tipo de gente é resultado do capitalismo opressor, da sociedade perversa e por aí vai. Até onde vai não se sabe. O fato, triste, diga-se, é que essa gente está a aumentar. Sabe-se hoje de vários e vários operadores que assim agem. Quando pegos na mentira insistem nas suas fantasiosas versões. Claro, não lhes resta outra alternativa senão negar o óbvio a mais não poder; não conseguem convencer quem quer que seja, todavia.
O desconhecimento é tamanho, que um dos larápios, ao tentar justificar um QSO com um país da zona 29 disse tê-lo ouvido porque tinha uma beverage apontada para a cidade do Cabo. O nosso planeta, para seu infortúnio, é esférico; não é preciso ser versado em ortodromia para saber que a beverage deveria estar apontada bem mais para o sul. Outro pândego jura ter falado em 80 metros com uma estação da zona 28 duas horas após o nascer do sol, ao ser confrontado reduziu o horário em três horas para ficar na zona escura daqui; esqueceu-se, ou não sabia, que ao fazer isso o DX ficou duas horas antes do pôr do sol; nas palavras de um conhecido operador de 160m: a zona escura é como cobertor curto, ao cobrir a cabeça os pés ficam de fora... Ah sim, só para constar, à hora dita o DX estava em 12 metros; até onde se sabe não há harmônico gerado em 80 que alcance 12 metros! Um outro, este sim, um falsário, meteu-se a gráfico e imprimiu um QSL mas ao escrever o nome do operador errou na grafia; ao ser consultado, o DX apenas disse: "eu sei escrever meu nome!" As histórias são inúmeras, algumas engraçadas são contadas e recontadas nos encontros e feiras onde os operadores caem em gargalhadas homéricas expondo ao ridículo os farsantes, tudo regado a muita cerveja.
Ao tempo em que eu verificava os QSLs para o WAZ, um desses gaiatos veio aqui em casa com o pacote completo, iria pedir o terrível 5BWAZ, diploma dos mais complicados e que exige muita dedicação. A verificação foi normal até chegar nas zonas difíceis em 80m. Notei que o operador começou a ficar um tanto quanto tenso e pedi que ele me acompanhasse até a estação, abri o DX-Atlas para simular o dia e hora de um QSO da zona 24. Não deu outra, o QSO estava com uma hora de sol na estação do DX. Ele não teve dúvida, sacou um envelope da pasta, e mostrou outro QSL mas desta vez o horário era após o nascer do sol daqui; sacou um terceiro QSL e novamente horário impossível. Ao final da verificação rejeitei as zonas 24, 29, 30 e 40. Disse a ele: encaminhe os 200 cartões para o manager nos USA porque eu não vou assinar. Ah, vou avisar o manager da CQ para verificar os horários das zonas que rejeitei, completei. Ele demorou quase 10 anos para pedir o diploma diretamente nos USA. Esse tipo de comportamento me fez desistir das atividades de verificação dos diplomas da ARRL e da revista CQ, simplesmente me cansei de tanta pilantragem.
O que leva alguém a se comportar dessa maneira? Ao pedir para que outrem faça o QSO por procuração está assinando a declaração de completa incompetência, de falta de capacidade técnica, de falta capacidade operacional e de falta de vergonha. Para quê? Para depois de constar no log jactar-se da sua própria e infeliz incapacidade? Uma coisa é fazer esse tipo de bobagem em bandas altas onde ninguém dá a menor importância, seja o QSO com um P5 ou um 4W em 10 ou 12 metros, mas agir assim nas bandas baixas é o mesmo que dar um tiro no pé. Os operadores sérios das bandas baixas se comunicam durante as expedições, trocam informações de ruídos, de horários mais prováveis e comentam que trabalharam estações próximas às áreas de interesse. É nessas horas que os tolos são desmascarados, sempre foi assim. Foi assim com SU, 9N, 4W e várias outras operações difíceis. Mas, há algo novo no ar: as novas tecnologias.
Eu não estive presente, mas me foi dito que na última feira de Dayton foi falado que o LOTW e SDR estão servindo de ferramentas para auditoria em vários diplomas do DXCC, principalmente nos diplomas de 80 e 160 metros. Já há vários casos consumados e exemplos horríveis como o de uma estação que forjou QSOs com 150 (cento e cinquenta) países em 160 metros. Pelo que foi falado a cassação começará em breve. Segundo consta há alguns brasileiros envolvidos. Se isso realmente acontecer a ARRL estará saldando uma dívida antiga para com os operadores sérios e resgatando a credibilidade do DXCC. Aguardemos.
73 DX de PY2YP - Cesar

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Antena solar

Há algumas semanas recebi um e-mail de um amigo indonésio de longa data, meu primeiro QSO com ele foi em 1978 e vez por outra trocamos alguns QSOs em 20 metros CW. Ele esteve certa feita em São Paulo e tomamos uns tragos juntos discutindo a propagação entre Indonésia e São Paulo.
Beni, é esse seu nome, sabe do meu grande interesse pelos estudos de propagação principalmente em 80 metros que é de longe minha banda preferida. Quando comecei a trabalhar o 5BWAZ em 1997 ele me ajudou muito apontando as frequências menos ruidosas para que eu pudesse trabalhar as zonas 24, 28 e 29, que são algumas das zonas complicadas em 80. Beni foi o primeiro QSO com a 4 square na zona 28, eu havia escrito para ele contando dos meus estudos em montar uma antena grande e ele ficou vivamente interessado no resultado. Quando marcamos o sked para esse QSO discutimos bastante para marcar o horário. Para complicar um pouco, o QTH do Beni é na extremidade leste da Indonésia e o path para lá passa em cima do polo sul magnético, é basicamente a mesma propagação do Timor. Como sabemos, de meados de agosto a meados de maio a propagação é exclusivamente ao nosso entardecer, por outro lado, de maio a agosto, a propagação pode, em casos excepcionais ocorrer ao nascer do sol, nem muito antes nem pouco depois, tem que ser no máximo 15 minutos antes ou após o nascer do sol. Não considerar estas janelas apenas demonstra uma profunda ignorância na banda e ignorância não ajuda no QSO, tentar forjá-los fora dos horários é cair no ridículo. Nenhum operador decente de banda baixa ignora isso. Não adianta vir com arenga, lenga-lenga ou histórias da carochinha. Não fala e pronto.
No e-mail que o Beni me enviou recentemente ele disse ter ouvido um PY2 muito forte, estranhamente forte e resolveu me contar. Disse ele que estava corujando uma operação em Dili quando ouviu o PY2. Beni achou estranho ouvir PY àquela hora da noite, por volta das 20:40 local e resolveu anotar e ver o que estava acontecendo. No e-mail Beni me perguntou se há alguma antena nova, alguma teoria surgindo porque não seria possível, em condições normais, algo assim. Você sabe, disse ele, não ouso desconfiar de alguém daqui trabalhando um país para um PY pois somos ambos povos muito sérios com nível de trapaça e corrupção ligeiramente abaixo dos países escandinavos. Jamais pensaria em acusar nem um YB e muito menos um PY de estarem usando meios escusos para trapacear um QSO. Por favor, investigue as novas teorias de construção de antenas e me conte. Beni ainda perguntou se alguém teria montado algum protótipo bem sucedido da minha antena a gás. (V. Experimentações Teóricas de abril de 2013)
Como não poderia negar um pedido do velho amigo, tive que pesquisar bastante e descobri uma montagem de um búlgaro, um conhecido e honesto operador de banda baixa onde ele estava testando um protótipo de uma antena tocada a energia solar. Segundo consegui descobrir a antena tem a forma de um V invertido mas não usa fio, usa uma chapa de uma liga denominada Be-Ni-Cu, 22% de berilo, 12% de níquel e 66% de cobre. A chapa tem espessura de 0,5mm e largura de 42mm o que a torna flexível para poder ser enrolada à exemplo das utilizadas pelas antenas dinâmicas. O carretel é usado para sintonizar a antena no segmento desejado, isto é, para a porção de CW ou de SSB. A largura da fita é adequada tanto para receber a insolação quanto para tornar a antena o mais broadband possível. O ângulo de inclinação das pernas do V invertido deve ser tal que possibilite tanto a insolação máxima quanto manter a impedância o mais próximo possível de 50 ohms. Assim, para latitudes menores, mais próximas do equador, a antena tem menor eficiência dado a menor insolação - sol mais a pino e, portanto, com ângulo de incidência mais agudo - mas, por outro lado, as temperaturas maiores acabam por compensar a perda do índice de iluminamento. Nas latitudes mais altas o fenômeno é inverso. Por outro lado, a antena tem mostrado o seu melhor rendimento nas latitudes tropicais, isto é, +/- 5º da linha do trópico.
Logo após o nascer do sol, a antena começa a receber iluminação direta do sol e começa a aquecer, por volta de 2 horas e meia após o sunrise ocorre o fenômeno conhecido como ergoblaster quando toda a energia recebida pela antena é propagada com o incremento da temperatura da antena alcançando um fator de 20 dB; o baixo ângulo de irradiação faz com que o sinal passe por baixo da camada D, a esta hora já formada, e tenha seu primeiro skip a milhares de quilômetros de distância. Vale lembrar que após o sinal sofrer seu primeiro skip, encontrará a zona de plasma equatorial e seguirá via ducto para em seguida abandonar a camada e descer para a estação receptora à exemplo das conhecidas propagações F2F2, que como sabemos é completamente diferente da propagação 2F2.
Mandei a explicação para o amigo indonésio acompanhado de um croquis, foto de um protótipo que consegui arranjar por vias transversas e do indicativo da estação que a montou, tudo acompanhado de uma nota dizendo: mistery solved. Beni, respondeu apenas: indeed it is...
73 DX de PY2YP - Cesar