quinta-feira, 5 de abril de 2012

O império do Islã

Por volta do ano 610 da Era Cristã um analfabeto tropeiro começou a ter sonhos em que um anjo de nome Jebrail o chamava ao topo de uma montanha, ali pelas cercanias de Meca. O anjo trombeteiro (sim é o mesmo Gabriel), nos seus sonhos, dizia ter importantes recados do Senhor.
Maomé, o tropeiro, mostrou-se estar à altura da interlocução e absorveu com grande propriedade os ensinamentos. Apesar da sua pouca cultura e nenhuma letra, era dotado de grande inteligência e invulgar senso político. Disse ele ao retornar da montanha: “não sou um ser divino, sou um analfabeto ungido pelo desejo de Deus em melhorar o nosso povo”. De modo a não entrar em conflito com outras religiões monoteístas, afirmou que Cristo e Buda também foram legítimos representantes da Sua vontade. Mas, continuou ele, seus seguidores deturparam os ensinamentos do Senhor que agora o elegia como Seu profeta. Habilmente, escolheu para sua unção o mesmo morro usado tempos antes para por à prova a fé de Abrãao, aliás, usou a própria pedra onde ele colocara o primogênito para matá-lo. Fica ali perto de Meca onde hoje está a grande mesquita do Islã.
De volta a Medina, sua terra de origem, Maomé, por não saber escrever, convocou os letrados para ditar o Corão, criando o conselho dos sábios que chamou de Shura. No ano de 622, ano zero do islamismo, Maomé empunhou armas e decidiu tomar as cidades de Medina e Meca, não sem antes comunicar ao Shura que, por não ser divino, seu sucessor, caso caísse em batalha, deveria ser eleito por eles. Morreu em 633, aos 63 anos, e o conselho elegeu Abu Baker (não confundir com 5AIA), que uniu a religiosidade e o código de conduta do Corão aos poderes do Estado.
De forma a propagar o texto sagrado, Abu Baker obrigou a todos a aprender a ler e escrever, eliminando a analfabetismo e fazendo do livro a grande arma de expansão do seu império.
Assim, século após século, o islamismo cresceu e difundiu os ensinamentos. As universidades de Teerã, de Bagdah e de Medina, trouxeram grandes avanços nas ciências e nas artes matemáticas. Nesta última criaram o conceito do zero: os algarismos romanos não o têm, os arábicos têm. Os médicos de Bagdah intuíram que as doenças poderiam propagar-se pelo ar e pelo contato, assim, decidiram isolar os doentes de mesmos sintomas em alas separadas dos hospitais, que também é outra criação islâmica. A indústria têxtil árabe era de excelente qualidade: era tão boa que, quando os católicos queriam vestir as imagens dos seus santos, usavam os tecidos árabes; aliás, aqueles arabescos bordados com fios de ouro nas bordas são trechos do Corão ali desenhados para divulgá-lo.
O império cresceu tanto que ia desde as montanhas de Cashemira na Índia até os costados da Espanha, não sem antes passar por todo o norte da África. Se cresceu tanto por que acabou? Acabou pela guerra com as cruzadas romanas e sobretudo, pela invasão dos bárbaros vindos da Mongólia. Ambas as frentes tomavam as aldeias islâmicas, ateavam fogo nos livros e assassinavam os membros dos Shuras, dizimando o conhecimento de mais de mil anos.
Aqui estamos todos temendo pela nossa invasão bárbara, acenam alguns que os caminhoneiros e pexizeiros devem invadir, como se já não o fizessem, as nossas faixas, agora amparados pela lei. Pregam eles que os novos bárbaros sejam dispensados dos exames de telegrafia, dos parcos e poucos conhecimento de eletrônica e venham a fazer parte da classe dos radioamadores. Querem eles moldar as leis às suas limitações e contam com a próxima reunião da ITU para alcançar a glória suprema: ser radioamador classe A, pêipsilon de duas letras como dizem. A cruzada contra o radioamadorismo já começou e será curta, seremos todos banidos, teremos os nossos boletins, revistas e artigos técnicos incinerados. Seremos perseguidos e expostos à execração pública, teremos nossos QSLs confiscados e queimados em nome da nova ordem. Não mais existirá limitação de modo ou de freqüência, o caos instalar-se-á definitivamente e os telegrafistas serão chamados de terroristas...
Arrectis Auribus
de PY2YP – Cesar

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