sábado, 7 de abril de 2012

A massa crítica

No momento das reformas, deve-se ser muito cuidadoso, porque os que melhor vão se beneficiar com as reformas ainda não sabem disso. E os que começam a perder sabem de imediato. (Machiavelli)
A recente reunião da IARU propôs oficialmente o fim da telegrafia para os exames de radioamadores. A decisão final, contudo, dar-se-á, para desesperos dos incompetentes, apenas na próxima reunião da ITU prevista para 18 de abril de 2002.
Qualquer que seja o resultado dessa reunião, o fim da telegrafia já terá sido decretado. Não como meio de comunicação confiável e muito menos como modalidade abrangida pelos radioamadores de boa cepa. Seu fim, como agente seletivo, deu-se no momento em que os interesses comerciais, isto é, interesse em aumentar a quantidade de radioamadores, superpuseram-se aos interesses de pesquisa e experimentação, apenas isto e nada mais. A verdade insofismável é que a boa e velha telegrafia ainda é utilizada pelas forças especiais, as forças de elite de vários exércitos; continuará ainda a ser utilizada como meio de transmissão entre os radioamadores que a usam como modalidade esportiva em competições, onde o DX se inclui. A telegrafia apenas deixa de ser uma barreira para os que desejam “falar no rádio”, isto é, apertar um botão e falar, como se faz nos telefones celulares. Esses pretensos radioamadores nada trazem ao desenvolvimento das comunicações, não estudam, não pesquisam, enfim são meros e inúteis coadjuvantes.
Os tolos, e os muito tolos, pensam que a extinção da obrigatoriedade de conseguir identificar uns poucos sinais em código morse deveu-se aos seus inúmeros e histriônicos reclamos ou quiça às suas baboseiras pretensamente literárias. Não passam de vivandeiras tentando acompanhar a marcha da história sem contudo influência-la. Patéticos, para dizer o menos.
Tentando ser menos drástico pode-se, com muito boa vontade, dizer que essa gente, essa massa ignara, composta dos infaustos faladores, até que ajuda. Por serem numerosos, afinal a mediocridade representa a média da maioria, podem constituir-se em mercado comprador e evitar que os fabricantes de antenas e equipamentos fechem suas portas.
Podem ainda engrossar a massa cinzenta (não confundir com o cérebro) que participa dos concursos e nos dar preciosos pontos. Eles podem até mesmo participar dos concursos de telegrafia, pois os computadores substituem o cérebro dessa gente com grande vantagem. A grande massa cinza, a horda, ajuda em muito nos contestes, os grandes operadores sabem disso, dizem eles: “concurso se ganha trabalhando aqueles que entram fazem cinqüenta ou cem comunicados e desaparecem.”
Define-se como massa crítica a quantidade mínima ou número necessário para que algo comece a acontecer. Assim, a massa crítica para os preços das antenas começarem a diminuir será algo, digamos, em torno de 20.000 potenciais compradores. Sim, pois se dez por cento da massa se interessarem seriamente por DX teremos 2.000 futuros compradores e, se um quarto deles tiverem dinheiro suficiente para implementarem seus sinais, teremos 500 compradores de antenas diretivas como eles dizem. Já os equipamentos de aumento de potência, os amplificadores lineares requerem como massa crítica um número de potenciais compradores ao redor de 100.000 entusiasmados principiantes. Essa gente, equipada com boas antenas e bem municiados poderão entrar nos pile-ups e finalmente fazer com que os DX virem suas antenas para a América do Sul e possam dizer: “listening 14200 for PY2 only. The others piuáis please stand by.”
Contudo a massa crítica acontece também para outros lamentáveis acontecimentos. Por exemplo: a massa crítica de urânio para detonar uma bomba atômica com grande poder de destruição é de apenas umas poucas unidades de massa. A massa crítica para fazer você perder um país é de apenas um idiota chamando geral na freqüência de transmissão do DX e isto é deverasmente alarmante...
Arrectis Auribus
de PY2YP – Cesar

Nenhum comentário:

Postar um comentário