terça-feira, 13 de março de 2012

O tempo é o senhor da razão.

A anarquia é essencialmente o resultado da ineficiência. (Thomas Jefferson)
As Escrituras nos contam que Cristo, em um de seus encontros com os apóstolos, disse ao seu mais fiel seguidor: – “Simão, tu és Petrus (pedra em latim) e sobre ti edificarei minha igreja.”. Simão passou então a ser conhecido como Pedro.
Devido às constantes dissensões políticas com o imperador romano de plantão – naquele tempo as divergências de opinião eram punidas com a morte – Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, em acolhimento ao seu derradeiro desejo, para não ser confundido com Cristo crucificado anos antes.
Pedro, em atendimento às ordens de seu líder, criou uma igreja e a batizou de katholicos, do grego kata (completamente) + holos (universal). Posteriormente, por critério de antigüidade, foi alçado à categoria de santo e, diz o lendário popular, designado para o cargo de porteiro do céu acumulando ainda as importantes funções de responsável pelo clima aqui do nosso pobre país.
O Brasil, diz esse mesmo lendário, é abençoado pelo Criador: não temos terremotos, tempestades, furacões, desertos e outras misérias. A nossa bandeira não ostenta a cor vermelha, nunca tivemos grandes guerras, grandes sofrimentos, pestes ou maldições que aniquilam povos da noite para o dia sem a menor piedade.
Nosso problema é outro, é crônico; sofremos o pior dos males, o da incompetência contínua e ordinária, aquela que nos mata um pouco a cada dia. Temos a sina de sermos conduzidos por políticos inconseqüentes e irresponsáveis e que se metem, sem a menor cerimônia a administradores da coisa pública. Votamos para deputados e senadores e recebemos ministros, diretores, dirigentes enfim. Os nossos votos são distorcidos com a maior desfaçatez. Políticos inescrupulosos se apoderam das instituições e as dirigem mal, com os olhos voltados aos interesses partidários e pessoais e não à causa pública. Quando as coisas vão mal não hesitam em culpar ora a imprensa, ora o pobre Santo guardião da portaria. E ao povo impingem sacrifícios e custos, para cobrir suas destemperanças.
Os consultores, os estudiosos e as pitonisas estão há muito alertando a fragilidade do setor energético. As regiões, climaticamente diferenciadas, não estão eletricamente interligadas, as fortes chuvas do sul do país não abastecem de energia a região sudeste, as águas de Tucuruí perdem-se pelo vertedouro e não geram energia para ser transferida para o nordeste seco. Nos assusta menos a falta d’água do que o despreparo; este é tanto que ouvimos um Ministro de Estado dizer: “desconhecíamos a gravidade da situação”. Estamos todos estarrecidos. Esses senhores deveriam ser presos por incompetência grave e delitiva.
A sociedade vê-se pela primeira vez forçada a viver em estado de guerra, de contenção. A crise no setor energético trará desemprego, mais miséria e muito desespero. Viveremos assim, sitiados, durante muitos anos, pois será duradoura. Viveremos como se tivéssemos vermelho na nossa bandeira, vermelho não do nosso sangue, mas o vermelho da nossa vergonha em darmos sustentação aos políticos corruptos e inconseqüentes que nos desonram.
A nossa tão propalada fartura chegou ao fim, o tão festejado binômio pão e circo, que afastava o povo dos políticos, chegou ao fim: não haverá pão e não haverá circo. A sociedade amadurecerá e extirpará os maus políticos e os governantes despreparados do vergonhoso cenário em que nos encontramos.
Durante os períodos de racionamento, quando não pudermos trabalhar, não pudermos operar o nosso rádio e estivermos perdendo os nossos DX, talvez pudéssemos ao menos aproveitar o tempo disponível e fazermos a catarse do nosso próprio comportamento cívico.
Se continuarmos reféns do nosso próprio imobilismo teremos que seguir o exemplo dos governante e colocar a culpa em São Pedro.
Arrectis Auribus
de PY2YP – Cesar

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