quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A globalização da desconfiança

A quantidade de inteligência do Universo é constante. Phillip Antoniadis – PY2CPU
Até há não muito tempo o fio do bigode era mais do que suficiente para garantir a palavra empenhada. Firma reconhecida? Nem pensar.
Não vai muito longe e uma expedição era aceita apenas com a palavra do operador. Eu estive lá, dizia o expedicionário e a operação era validada, ninguém questionava.
Os operadores de 7O1YGF foram gentilmente convidados, pelas autoridades do Yemen, a encerrarem a operação e voltarem para casa. A licença, segundo consta, será expedida posteriormente de forma a validar os trinta e cinco mil comunicados registrados. Nas listas de discussão via Internet corre uma louca e desenfreada verborragia sobre a validade da operação 7O1YGF. Discute-se tudo: se a ARRL vai aceitar a operação, se as autoridades iemenitas emitirão o documento com data atrasada. E se o fizerem? Digamos, a licença sairá com data posterior a operação, a ARRL aceitará os QSLs para crédito? Afinal, sob o rigor burocrático, os comunicados devem ser feitos após a devida formalização. Como os comunicados foram feitos antes da expedição da licença (se é que vai ser emitida) é bastante provável que não sejam aceitos, mas o entendimento da ARRL pode ser outro.
Em 1996 houve uma outra operação no Yemen por DJ9ZB e JH1AJT, operaram com o indicativo 7O1A. Havia licença escrita, carimbo de entrada no passaporte, forneceram toda espécie de documentação possível e a ARRL não aceitou. A Liga simplesmente contestou a competência da autoridade emissora da licença, decidiu que o órgão emissor não tinha autoridade para tanto, imiscuindo-se nos assuntos internos de uma nação soberana, e pronto. Recusou. Uma vergonha, urraram todos em uníssono.
E agora? Vai aceitar uma operação legítima? Ou vai dizer que a data não coincide? Teriam eles o mesmo comportamento se os operadores fossem N7 ou W5? Perguntam todos desconfiados.
De onde surgiu a desconfiança de que a operação era efetuada dentro de um barco, em caso de ilha com desembarque perigoso? De onde surgiram as dúvidas de que a “ilha” não existia? Os mais velhos se lembram de uma “ilha”, cuja existência nunca foi confirmada, mas que “existiu” durante a operação do grande telegrafista. E, dias depois o suposto atol, banco de areia, ilha ou seja lá o substantivo que usaram, foi tragado pelo mar.
Esses mesmos vetustos senhores lembrar-se-ão de que o grande telegrafista operou de São Pedro & São Paulo, confortavelmente instalado em um hotel na Venezuela.
Mais recentemente outro exímio telegrafista, quase tão bom quanto ao condenado delinqüente (sim o W9 está preso, mas por outro crime), iniciou sua incrível carreira operando como 3W3RR, indo posteriormente desembarcar em outras raridades: 1S0RR, YA0RR, 9D0RR, XY0RR, nessa época Burma vinha de um período de mais de 20 anos QRT. O famigerado fora-da-lei não deixou por menos, fez sua última e gloriosa aparição com um excêntrico indicativo: P5RS7 (pê-cinco-erre-esse-sete), isso mesmo, North Korea. Não deu outra, descobriram que ele estava operando de um ponto qualquer da Rússia Asiática.
A enganada, vilipendiada e frustrada comunidade dos DXers em resposta às suas falcatruas, baniu-o, caçou suas operações anteriores e envergonhou-se por ter acreditado e acolhido o desavergonhado flibusteiro.
Atualmente para creditar uma expedição são necessárias pelo menos 7 testemunhas, todas com certificação IS0-9000, 14 quilos de papel devidamente assinados e carimbados, passaporte de entrada chancelado pelo ministro indicado pela ARRL, filmes, vídeos e fotos. Tudo acompanhado de uma declaração afirmando que Don Miller e Romeo Stepanenko não estão envolvidos com a operação.
Como diria o nosso amigo PY2CPU: A confiança é inversamente proporcional à raridade do país.
Arrectis Auribus
de PY2YP – Cesar

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